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ESGOTADO

 MEUS LIVROS

Outros Barulhos - Prêmio Jabuti 2009.

Kotter Editorial/Anome Livros - ISBN-00000000000

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É uma fartura de vida, um armazém de fiados, armário de brinquedos extintos, que todo leitor vai se exuberar.

É uma obra da saudade. A saudade alegra, inclusive, os dias em que cortamos os dedos.

O livro quer a poesia como iluminação da corda. Faísca da corda de violão. Eu pergunto: quantas forcas há no violão? Quantos homens são desenforcados pela música?

É uma música muda. Uma música que estica a vida que não houve.

Bessa é poeta. Pela intuição maravilhosa. Pelas comparações novas. Pelo tempo de descrever, e, acima de tudo, de se calar na hora certa. Como um menino ingênuo, ele questiona: "como pode alguém com fome/ ter medo de relâmpagos?" Alguém já pensou nisso antes? Pela verdade apurada, de antever contradições e desarmar ciladas da auto-ajuda. Sua sensibilidade é espiã. Não suportaria suas dores se não carregasse também a dos outros. Por isso, sofre com o bêbado voltando para casa, como se houvesse um trapézio transparente na rua; os vizinhos rindo e os familiares o segurando com os olhos. A poesia quando narração é imbatível. A poesia como contadora de histórias é imbatível.

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Fabrício Carpinejar

Do pássaro voando ao contrário.

ISBN-978-85-5833-372-6

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No princípio é o verbo, que se desata em canto e dança, e o livro-torvelinho do poeta/cantor/escritor/compositor/professor, Reynaldo Bessa se espraia em dois movimentos: Pequenos Infinitos, com seu turbilhão imagético, e Grandes Labirintos, com percepções precisas, muitas vezes deflagradas por um resiliente espírito lúdico. A cada passo da travessia, o aedo telúrico recolhe estilhaços do mundo pós-utópico. Seja sob a garoa paulistana ou numa Porto Alegre invernal, a metrópole é percebida como uma “desumanidade verticalizada”, em cujas “poças deixadas pela chuva (...) bêbados mijam no céu”, e onde vamos “envelhecendo modernos e jovens”.

Nessa linguaviagem, o humano sempre agarra seu quinhão de beleza, apreende que “o amor é um assalto”, e se deleita porque “o beijo de língua fala todas as línguas”. Apesar do corvo de Poe. Ou do demônio de Descartes. Deixe-se levar por esse turbilhão. Esse tempo também é o seu.                                                                                                                                                             

Luiz Roberto Guedes

Na última lona.

ISBN-13-123456789101

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Uma balada triste: assim o narrador-personagem define a história que nos contou. Como aquelas canções de Woody Guthrie, que deram a pista para Bob Dylan achar o seu estilo, uma história longa, triste e sofrida. O sofrimento sem função edificante. Não ensina coisa alguma. Não é rito de passagem. É uma condição de vida. Da vida de uma família pobre, aparentemente sem saída, vista pelos olhos sensíveis e solidários de um menino parceiro de seu pai. 

A música, afinal o autor desse livro também é músico, está presente como contraponto em várias passagens. E a poesia, Bessa é poeta, também está. Há constantemente comparações, metáforas, imagens. 

Assim, entre a música e a poesia, aflora o talento narrativo do autor. Constrói um universo denso, com os personagens dessa família. A cada um, uma tragédia particular. O próprio título, Na última lona, já dá uma pista. O destino surge como um boxeador que derruba round a round, capítulo a capítulo, os personagens e as nossas esperanças como leitor de que algo possa melhorar na vida dessa gente. 

É um livro duro como os da geração do Romance brasileiro de 30, como o cinema de Héctor Babenco em Pixote, como a falta de compaixão de Dostoiévski. Vai ler? Depois não diga que eu não avisei.

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Ricardo Silvestrin

Não tenho pena do poema. 

artesanal - literatura e meio ambiente

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do meio da  fila  indiana  formada  pelas  reticências que visitam as línguas, irrompem versos que rugem. incisivos como uma fera faminta atrás de sua presa, alvoroçando a floresta-linguagem com suas patas-palavras afiadas na jugular do poema. masculina. aguda. atrevida, a voz não tem pena do poema porque o trata também como impiedoso. e ímpio para ela pode ser o  trabalho  rascante  do  artista (mais invisível do que seu olhar oblíquo):

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Beatriz Bajo

Cisco no olho da memória

ISBN-56-123456789101

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Em suas anotações epigramáticas do real, percebe-se que estas superfícies de comunicação sugerem um curioso movimento duplo que envolve os métodos cut-up e pick-up. O leitor poderia acomodar-se nestas superfícies devido à força comunicativa que está em jogo, mas isto até perceber o quão deslizantes são estas superfícies. É que os recortes de realidade operados por Reynaldo Bessa aproximam-se da experimentação técnica da colagem cut-up – aquela inventada por Bryon Gysin que William Burroughs desenvolveu e popularizou através de sua poesia e em produções cinematográficas – mas que também deslizam para um grau considerável de tartamudez, de silêncio indizível

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Ricardo Corona

Algarobas Urbanas.

ISBN-68-123456789101

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Aproxime-se. Deixe o delicado enlevo penetrar você. Observe as complicadas relações familiares em Oh! esses acordes menores e O dia em que o silêncio falou mais alto. Tente recuperar um pouco das amizades perdidas em G & M e Fê. Delicie-se com as mulheres misteriosas e sedutoras de Ainda algumas lembranças II e Are you lonesome tonight? Acompanhe de perto a decadência física em Branco, branquinho, o desencontro sonolento em Noite estranha e o horror hospitalar em Charuto. Viaje numa dessas Kombis inesquecíveis (mas perigosas) em Os domingos e o carro de Apolo e Olhos verdes, sarcasmos e despedidas.

Esses contos e os outros deste livro tocam a corda mais sensível de nossa fantasia. Por isso certos parágrafos doem tanto. Há alfinetes neles. Há imagens pontiagudas e poéticas, que laceram as retinas do leitor. Reynaldo Bessa sabe injetar na prosa o lirismo mais inquietante. Não podemos esquecer que ele também é um poeta de mão cheia, autor da coletânea Outros barulhos (prêmio Jabuti de 2009 na categoria poesia).

Entrar neste labirinto de lembranças e invenções é fácil. O leitor só precisa se acomodar num canto confortável e deixar a prosa e a música preencher sua mente.

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Nelson de Oliveira.

Outros Barulhos

ISBN-68-123456789101

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“Outros Barulhos” É uma fartura de vida que todo leitor vai se exuberar.

 

O músico e compositor, Reynaldo Bessa guardou a infância no quarto até onde deu. Agora explodiu pelas janelas e portas. "Outros barulhos" é um baú que transbordou: quando os mortos e vivos se embaralham na linguagem, lembranças são confundidas com premonições; vozes, com cheiros.  Ou ele publicava esse livro ou ficava louco, não tinha escolha. É uma fartura de vida, um armazém de fiados, armário de brinquedos extintos, que todo leitor vai se exuberar. É uma obra da saudade. A saudade alegra, inclusive, os dias em que cortamos os dedos.

O livro quer a poesia como iluminação da corda. Faísca da corda de violão. Eu pergunto: quantas forcas há no violão? Quantos homens são desenforcados pela música? É uma música muda. Uma música que estica a vida que não houve. Bessa é poeta. Pela intuição maravilhosa. Pelas comparações novas. Pelo tempo de descrever, e, acima de tudo, de se calar na hora certa. Como um menino ingênuo, ele questiona: "como pode alguém com fome/ ter medo de relâmpagos?" Alguém já pensou nisso antes? 

Pela verdade apurada, de antever contradições e desarmar ciladas da auto-ajuda.

 Sua sensibilidade é espiã. Não suportaria suas dores se não carregasse também a dos outros. Por isso, sofre com o bêbado voltando para casa, como se houvesse um trapézio transparente na rua; os vizinhos rindo e os familiares o segurando com os olhos. A poesia quando narração é imbatível. A poesia como contadora de histórias é imbatível.

Sabemos muito mais da memória de Bessa. Porque ele nos confidencia sua imaginação.

 

Fabrício Carpinejar

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